Proprietário da quinta que comprou em 2008 com a sua esposa borgonhesa Anne-Claude Leflaive, entretanto falecida, Christian Jacques tem como principal paixão a vela e gosta de atracar em Lisboa para navegar até à ilha da Madeira ou dos Açores. É numa dessas viagens à vela que 2 vinhos do Clau de Nell chegaram como mensagens em garrafas ao Tati para podermos descobrir os vinhos deste lugar. Nós, em sentido contrário, pusemos as nossas bagagens no dormitório da quinta quando fomos explorar a zona vitícola do Anjou e recebidos com muita hospitalidade pelo Sylvain Potin que vemos nas fotos, hoje responsável pelo trabalho tanto em vinha como em adega. Cultivadas desde o ano 2000 seguindo os princípios biodinâmicos, os 12 hectares de vinhas crescem rodeadas de bosques e campos de cereais, num solo que lembra mais Saumur pela base calcária (estamos no limite dessa denominação) que o Anjou noir xistoso e vulcânico de Rablay sur Layon ou Faye d’Anjou. Historicamente são as castas tintas Cabernet Franc, Grolleau e Cabernet-sauvignon que formavam a maioria dos 8 ha. Desde a chegada de Anne-Claude e Christian, e de Sylvain em 2009, o Chenin blanc reconquistou a quinta com 4,5 ha hoje plantados. O património de vinhas velhas de castas tintas com mais de 60 anos é elevado, os vinhos estagiados em barricas num anfiteatro que parece um templo místico escavado na rocha calcária. São vinhos de guarda a deixar desabrochar lentamente, como esse Grolleau 2011 com que nos iniciámos ao Clau de Nell. Para não ser só um slogan não seguido de efeitos, os vinhos à venda têm sempre pelo menos 4 anos de idade em tinto e 2 anos e meio em branco. A dinâmica colectiva de equipa é simbolizada pela grande cozinha onde cada membro da quinta tem que alternativamente preparar durante a semana o almoço para todos, num ambiente descontraído que concilia espírito rural e práticas exigentes na condução das vinhas e do vinho.
Clau de Nell
Christian et Sylvain
Loire