Julie e Mathieu Marfisi, filhos do ainda activo Toussaint com 85 anos que não prescinde de estar na vinha, cuidada desde os anos 1970’s sem nunca recorrer aos herbicidas e pesticidas, bem tentadores quando a mão de obra se fez rara no campo, representam a quinta geração desta quinta familiar existente desde 1870 que cultiva 14 ha de vinhas e o bom senso da harmonia com a natureza, em solos de dominante calcária na pequena denominação de origem de Patrimonio (400 ha no total), no extremo Norte da ilha da Córsega.
Julie integrou a quinta em 2010 após uma formação em gestão agrícola e Mathieu, engenheiro de formação, completou o duo em 2014 após 4 anos em Paris. Prolongam o belo patrimonio herdado transmitindo uma serenidade natural que se reflecte nos vinhos profundos e digestos, que são belos embaixadores das ilhas mediterrânicas. Além do investimento na quinta, Mathieu implicou-se na gestão colectiva da denominação de origem Patrimonio desde 2016, sendo um Presidente federador e com uma visão qualitativa a longo prazo dos desafios a resolver.
Proporcionaram uma definição mais precisa das parcelas cultivadas que separaram em 3 grandes entidades :
– Ravagnola que está à beira mar, com 9,5 ha de vinhas em encostas calcárias expostas a Oeste com as castas tintas Niellucciu (Sangiovese em Itália), Carcaghjolu neru e Minustellu recentemente recuperadas, e as castas brancas Vermentinu, Rimenese (que era quase desaparecida) e Muscat à petits grains.
– Gritole, uma planura de aluviões com um tapete calcário de pequenas pedras que lembra algumas zonas de Châteauneuf du Pape, com 2 ha de Niellucciu
– Grotta di sole, encostas calcárias expostas a Sul com parte superficial granítica e xistosa e uma dominante de Vermentinu (2 ha) e Niellucciu (meio-hectare).
As vinhas são conduzidas em vaso (gobelet) para resistir melhor à seca estiva. As vinificações, com extrações suaves são feitas em cubas de inox ou em tonel com estágio sobre as lias até ao engarrafamento, sem filtração. As doses de sulfuroso são parcimoniosas.
Os vinhos :
A maloláctica é realizada em branco como em tinto.
Branco Uva blanc 2023: Vermentinu (50%) e Rimenese (50%), da zona de Ravagnola, longa prensa com cachos inteiros, decantação a frio e estágio sobre as lias em cuba inox durante 6 meses.
Branco Grotta di sole 2023: Vermentino do terroir que dá o nome ao vinho, longa prensa com cachos inteiros, decantação a frio e estágio sobre as lias em cuba inox durante 9 meses.
Branco Clos Marfisi 2022: Vermentino da zona Ravagnola, perto do mar. Longa prensa com cachos inteiros, decantação a frio, fermentação e estágio em tonel sobre as lias durante 12 meses
Rosé d’une Nuit 2023: Niellucciu proveniente da zona Ravagnola, em solo argilo-limoso. Maceração de 1 noite sem esmagamento por 80% da uva e 20% de prensa directa. Estágio de 6 meses sobre as lias finas.
Tinto Patrimonio mon amour 2023: Niellucciu proveniente da zona Ravagnola, em solo argilo-limoso com subsolo calcário. Macerado sem esmagamento durante 3 dias por 80% das uvas ao qual se junta 20% de prensa directa. Estágio de 6 meses sobre as lias em cuba inox antes do engarrafamento.
Tinto Uva rouge 2022: Lote de Carcaghjolu neru (25%), Minustellu (25%) e Niellucciu (50%) do terroir de Ravagnola, a 1ª macera metade com cacho inteiro e metade desengadaçada durante 15 dias, a 2ª casta macera 15 dias desengaçada, o Niellucciu é prensado logo durante 5 h antes de ser loteado com as 2 outras casta. O conjunto estagia 12 meses sobre as lias antes de ser engarrafado.
Tinto Ravagnola 2021: Niellucciu desengaçado e não pisado, macerado durante 15 dias em cuba inox antes de ser prensado e estagiado 24 meses em cubas sobre as lias finas.