Eric Pfifferling, apicultor de formação, herdou em 1989 da sua mãe 3 ha de vinhas velhas em Tavel, entre Avignon e Uzès, mas até 2002 entregava as uvas à cooperativa local. Hoje a quinta tem 20 ha de vinhas com 17 em produção, repartidas entre Tavel com 10 ha, a denominação Lirac com 2ha, na zona Oeste de Nimes, e uma pequena parte ao longo do Ródano em St Genies de Comolas. Vários solos compõem o mosaico de terroirs : calcário, arenoso, argilas brancas chamadas Terres blanches, argilas vermelhas chamadas Terres chaudes e ardósia (Lauze). Grenache, Cinsault, Syrah, Carignan, em tinto, e Clairette, Grenache blanc e Bourboulenc em branco, são as castas cultivadas. Em 2002, inspirado pelos vinhos do grupo naturalista dos Beaujolais boys animado pelo Marcel Lapierre, Eric convenceu-se que podia fazer vinhos ligeiros, fluídos, sem aditivos. Reconhece hoje que talvez tenha seguido demasiado o estilo Beaujolais, com a maceração semi-carbónica em cachos inteiros e que, pouco a pouco, encontrou o seu estilo que integra mais as características meridionais das suas castas e do seu terroir. Os vinhos continuam a ser distintivos dentro da imagem habitual dos vinhos locais, com pouca cor, taninos delicados, liberdade aromática e de elevada pureza. Mas o verdadeiro segredo dos vinhos de l’Anglore reside na paixão que Eric, acompanhado hoje no campo pelos dois filhos Thibault e Joris, investem na agricultura, na reflexão sobre o solo, o material vegetal, a gestão dos aleas climatéricos dos últimos anos. Sente-se hoje uma casa com a grande felicidade de desenvolver colectivamente o património, construído inicialmente sozinho com a esposa Marie, e que terá sido enriquecido com a chegada dos filhos em 2018, dando uma energia juveníl aos pais para irem mais longe, poderem desenhar novos caminhos e ousar. Um alento que promete vinhos emocionantes e alguma novidade futura como o desenvolvimento dos brancos da responsabilidade de Thibault e Joris. Tavel foi fertilizado e polinizado subtilmente pelo apicultor Eric e sua família, levando o vinho numa dimensão humana e mística onde o mediterrâneo retoma a sua vocação mestiça, cruzamento de luz líquida.
L’Anglore
Eric Pfifferling
Rhône