Celebrámos o novo dando entrada ao estagiado-afinado, aos terroirs de longas bocas, frescuras frutíferas de raízes a Este do Massif Central em vários granitos pobres do Beaujolais. São vários os crus do Beaujolais, cada um com a sua identidade particular dos solos e mãos humanas que os esculpem em sumos sempre vivos. De Morgon a Fleurie, a Juliènas, a Brouilly e a sua Côte (de Brouilly), Regnié e Moulin à Vent e adiante capturando, a naturalidade revolucionária da vinha e do vinho, a crueza do Gamay, princesa outrora deposta, hoje Rainha dos Pobres (Crus).
Até 30 de Novembro, todos os Crus do Beaujolais estarão com desconto de 5%, e para encomendas superiores a 150 euros, terão 10% de desconto.
Para adquirir, poderão visitar-nos na nossa garagem (segundas, quintas e sextas-feiras das 16 às 20 horas) ou fazer uma encomenda enviando o ficheiro preenchido para o mail encomendas.goliardos@gmail.com.
A partir de 60€ de encomenda, poderemos entregar gratuitamente na zona de Lisboa. Para envios para fora de Lisboa, o valor de transporte será cotado após recepção da encomenda com morada e contacto telefónico.
A região
Situada a Norte de Lyon, entre o vinhedo do Mâconnais e o Ródano, o Beaujolais fez desmentir Philippe le Hardi que em 1394 baniu a casta Gamay da Borgonha, o que leva a dizer ao Jean-Claude Chanudet (aliás, Le Chat) de Villié-Morgon que ele não vai à Borgonha por não ter o passaporte para entrar… É verdade que se o Gamay dá resultados muitas vezes medíocres na Bourgogne, onde ele é vendido sob o nome de Bourgogne Passetougrain, nas terras graníticas pobres dos crus do Beaujolais (Moulin à vent, Fleurie, Morgon, Brouilly, Chiroubles, Juliénas), ele mostra uma jovialidade na juventude e uma finura com o passar do tempo que explica porque no princípio do século XX, os Moulin à vent ou os Morgon vendiam-se no mesmo patamar de preços que os crus bourguignons. No fim dos anos 1980, inspirado pelo trabalho de Jules Chauvet, a “malta” de Marcel Lapierre, um grupo de produtores insatisfeitos pela viragem industrial da agricultura, idealistas e malucos na boa dose, como Le Chat, Jean Foillard, Jean-Paul Thévenet (o Polvo), Guy Breton (P’tit Max), revolucionaram o panorama local com uma pesquisa que começou na vinha, para se prolongar na adega, para fazer vinhos de forma natural e dispensar o máximo possível os produtos corretivos. Assim foi e a onda do vinho natural fez manchas em França e fora. Hoje em dia, os filhos e filhas dessa geração estão a entrar em jogo e esta região alegre, festiva, excessiva, irrigada pelo movimento situacionista dos Guy Debord e Alain Braik, como pela rebeldia dos Gauleses encurralados, continua a fazer milagres com uma casta desprezada e a dar-nos uns verdadeiros vinhos de sede que podem transmutar-se algumas raridades que desafiam o tempo.
A Gamay
A história do Gamay não foi ajudada pelo Duque Philippe le Hardi que o baniu em 1394 da Borgonha pelo motivo seguinte: “Un très-mauvaiz et très-desloyaulx plant nomméz Gaamez, duquel mauvaiz plant vient très-grant habondance de vins… Et lequel vin de Gaamez est de tel nature qu’il est moult nuysible a creature humaine, mesmement que plusieurs, qui au temps passé en ont usé, en ont esté infestés de griez maladies, si comme entendu avons; car le dit vin qui est yssuz du dit plant, de sa dite nature, est plein de très-grant et horrible amertume. Pour quoi nous… vous mandons… solennellement à touz cilz qui ont les diz plans de vigne des diz Gaamez, que yceulx coppent ou fassent copper en quelque part qu’ilz soient en nostre dit païs dedens cing mois”
“Uma péssima e desleal planta chamada Gaamez, da qual vêm quantidades abundantes de vinho… E tal vinho de Gaamez é de tal natureza que é muito prejudicial à criatura humana, tanto que muitas pessoas que o tiveram no passado foram infestadas por graves doenças, como ouvimos dizer; porque o dito vinho de dita planta, de dita natureza, está cheio de grande e horrível amargura. Por esta razão, nós solenemente ordenamos a todos os que têm videiras de Gaamez de as cortar ou de as fazer cortar, onde quer que elas possam estar no nosso país, dentro de cinco meses.”
Provavelmente de origem Borgonhesa, é uma casta de maturação precoce, sensível a escaldões e doenças de lenho. Quase dois terços das plantações desta casta em França estão na região de Beaujolais. É nos terrenos graníticos pobres dos crus do Beaujolais (Morgon, Moulin à Vent, Fleurie, Brouilly, Juliénas, Chenas, Saint-Amour) que o Gamay consegue revelar-se ao mesmo tempo, guloso na juventude e capaz de envelhecer ganhando uma finura e uma raça que colocou os crus do Beaujolais, ao nível de Bourgogne tintos no século XIX e desmente a sua inaptidão a produzir bons vinhos. Geralmente vinificado em maceração carbónica com cacho inteiro. Os vinhos do domaine Lapierre, Foillard, Chamonard, Thévenet, Joubert … testemunham da qualidade do Gamay plantado nos terrenos idóneos.