Elementos relativos aos vinhos provados nas 1001 noites
Tema: Descobertas de Verão, Entre Galiza e Douro
Data: 5 de Setembro de 2008
Entre Galiza e Douro
Aproveitámos a pausa de Agosto para ir buscar inspiração nas vinhas da Galiza, do Bierzo e do Douro, com produtores singulares que nos transmitem sonho, inconsciência e experiências ligadas à terra que cultivam. Voltamos encantados por alguns momentos de graça, cheios de energia para partilhar uma forma de encarar o vinho mais pura e apaixonada.
Os vinhos
1. Lagar de Cervera – Albariño 2007 (Rias Baixas – Galiza)
Depois duma viagem no final do dia desde Lisboa, chegamos no meio da noite na zona Sudoeste da Galiza, onde se pode contemplar do outro lado do rio o vizinho Portugal. A quinta Lagar de Cervera foi uma das pioneiras dos primeiros grandes albariños produzidos na Galiza e Angel Suarez dedica-se a melhorar os vinhos apostando num cultivo cada vez mais natural. As vinhas são plantadas em altitude e em bordadura, como no Minho, contemplando a ria do Rosal. Os solos são essencialmente graníticos. Este vinho é um 100% albariño ainda muito novo.
2. Pazos de Lusco – Lusco Albariño 2006 (Rias Baixas – Galiza)
Quinta situada em Méis, na sub-zona do Condado do Tea, interior e mais quente, com vinhos mais potentes e menos ácidos. Esta quinta trabalha os vinhos sobre as lias para reforçar o volume e a complexidade. Lusco é um projecto que arrancou nos anos 1990 e ganhou fama pelo facto de ter conseguido fazer ensaios sobre diferentes parcelas que deram vida a vinhos mais estructurados e com mais potencial de guarda.
3. Rita Marques Ferreira – Conceito branco 2007 (Douro Superior)
Rita Ferreira esteve nas 1001 noites sobre o Riesling e tinha-nos trazido vinhos originais, como o Bastardo, que muitos chamariam Rosé, e que encontrou um sucesso inesperado nesta noite. Rita é uma produtora nova mas já experiente, tendo viajado na Nova-Zelândia, França e tendo trabalhado com Jorge Serôdio Borges e Dirk Niepoort. Tem uma franqueza rara e uma insatisfação epidérmica. Fomos encontra-la em Cedovim, no regresso de Espanha para conhecer a quinta, as diferentes vinhas e trocar comentários sobre o vinho. A conversa durou até bastante tarde na noite. Hoje apresentamos o seu Conceito branco de inspiração borgonhesa, feito a partir das vinhas mais velhas.
4. Quinta da Muradella – Gorvia 2005 (Monterrei – Galiza)
Foi em Verin que encontramos o humilde e comovente José Luís Mateo, personagem doce e radical, que cultiva os seus 22ha de vinhas em agricultura bio-dinâmica, com um empregado só, confessando que o momento que mais gosta é o da poda, no rigor do Inverno desta parte da Galiza um pouco a Norte de Chaves. Discreto e um pouco incrédulo do interesse que suscita, redescobrimos com ele no passeio nas vinhas, nas provas das diferentes cubas a cultura do vinho que mais nos toca : respeito pela terra, sonho, magia dos encontros a volta desta bebida mágica. Estamos muito felizes de apresentar um dos seus vinhos, o Gorvia, feito com a casta Mencia (dominante) e a casta Bastardo, em solos xistosos.
5. Rita Marques Ferreira – Conceito tinto 2006 (Douro Superior)
Acabamos com a versão tinta do Conceito, um vinho também feito a partir das vinhas mais velhas em solos xistosos.