1001 noites, elementos sobre a sessão Vinhos em Biodinâmica

Elementos sobre a sessão das 1001 noites
Tema : Biodinâmica
Data: 19 de Setembro de 2008

Definição

« A agricultura bio-dinâmica é uma agricultura garantindo a saúde do solo e das plantas para proporcionar uma alimentação sã aos animais e aos Homens. Baseia-se sobre uma profunda compreensão das leis dos seres vivos, adquirida por uma visão qualitativa/global da natureza. Considera que a natureza está actualmente degradada que não consegue curar-se por si própria e que é necessário dar de novo ao solo a sua vitalidade fecunda indispensável à saúde das plantas, dos animais e dos Homens graças a processos “terapêuticos. O ideal desta agricultura é o organismo agrícola com a maior autonomia de produção adaptada às condições e possibilidades de trabalho locais”.

As práticas especificas da agricultura bio-dinâmica
● a visão da quinta como um organismo agrícola
● a fabricação, utilização e dinamização de preparações bio-dinâmicas
● a tomada em conta das influências da periferia cósmica (lua, sol, planetas)

Os objectivos da agricultura bio-dinâmica
● curar a terra
● regenerar, cultivar e manter as paisagens
● proporcionar aos Homens uma alimentação sã
● desenvolver a abordagem do ser vivo e compreender o papel do Homem
● abrir novas perspectivas sócias nas quintas nas ligações productores, consumidores (incluindo comerciantes)

Pontos comuns entre a Agricultura Bio-dinâmica e Biológica

A bio-dinamia, como a agricultura biológica, tem por objectivo obter plantas sãs com um rendimento óptimo, sem por isso esgotar os solos por causa de uma exploração demasiado intensiva. Nos 2 tipos de agricultura, os solos são fertilizados via compostos orgânicos. O uso de adubos solúveis e de pesticidas de síntese são proibidos. Utilizam também a técnica das plantas parceiras, isso é de plantas que se reforçam umas às outras. Na luta contra os parasitas, a agricultura bio-dinâmica utiliza essencialmente infusões.

Especificidade da Agricultura Bio-dinâmica

O que faz a especificidade é essencialmente o uso de productos auxiliares ou “preparações”. 4 preparações são acrescentadas ao compost e 2 preparações são pulverizadas sobre as culturas.

Nesta agricultura, uma grande importância é dada aos ritmos na natureza. O agricultor bio-dinâmico toma em conta os ritmos lunares e às vezes dos planetas. Para facilitar o trabalho, os bio-dinâmistas elaboraram o calendário das sementeiras que indica os melhores momentos para semear, para trabalhar o solo, a flor, a fruta no ciclo vegetativo. Este aspecto da bio-dinâmica faz com que seja vista como esotérica.
Para os bio-dinâmistas, a posição da lua em relação às constelações tem um papel importante sobre o rendimento e a qualidade gustativa. As constelações dividem-se em 4 grupos de 3 relacionadas com as diferentes partes da planta. Cada grupo corresponde a um tipo de forças criadoras elementares : Fogo, Ar, Agua, Terra. Os bio-dinâmistas insistem em distinguir essas constelações dos signos astrológicos com o mesmo nome.
Carneiro, Leão, Sagitário : Fogo, actua sobre os frutos e as sementes
Gémeos, Balança, Aquário : Ar, actua sobre as flores
Cancro, Escorpião e Peixe : Água, actua sobre as folhas
Toro, Virgem, Capricórnio . Terra, actua sobre as raízes.

Os vinhos

1. Quinta da Covela – Escolha Branco 2007 (Minho)

Situada entre o Minho e o Douro, a Noroeste de Mesão Frio, numa zona granítica, onde Nuno Araújo decidiu experimentar a bio-dinâmica, num nicho que forma um anfiteatro com terraços e parcelas que foram plantadas com diferentes castas antes de escolher definitivamente as castas do branco e do tinto. Neste branco entram principalmente as castas Avesso e Chardonnay, vinificadas em cubas de inox sem estágio em madeira.

2. Casal Figueira – Tradition 2007 (Estremadura)

António Carvalho é um produtor novo, que depois de se formar em Montpellier, apaixonou-se pelas castas francesas Roussane, do Vale do Ródano, a Petit Manseng, de Jurançon, nos Pirinéus. Personagem discreta e muito ligada à natureza, decidiu na terra de A-dos-Cunhados praticar uma agricultura radical, em solos arenosos e com castas nunca plantadas em Portugal. Este vinho branco é feito só com a casta Roussane e estagia em pipas de carvalho francês.

3. Descendientes Palácios – Petalos del Bierzo 2007 (Bierzo – Espanha)

Visitámos Ricardo Palácios este verão, na bela zona de Villafranca del Bierzo e nos mais estupendos ainda vinhedos em encostas íngremes da zona do Corullon. Adeptos duma viticultura exigente, Ricardo, formado pelo tio Álvaro Palácios, criador afamado do famoso vinho tinto L’Ermitá, na zona catalã do Priorat, Ricardo resolveu instalar-se na zona para criar o pendente atlântico do vinho catalão. Trabalham a partir de vinhedos velhos da casta indígena Mencia (equivalente do Jaen português), em solos xistosos, trabalhados com mulas e cavalos, em encostas impossíveis de mecanizar. Este Petalos tenciona transmitir a essência frutada e pura desta zona em grande crescimento.

4. Domaine de la Garrelière – Cinabre 2005 (Loire – França)

François Plouzeau cultiva 20 ha de vinhas, expostas a Sul na zona de Touraine, em solos arenosos e argilosos. Desde 1993, escolheu a agricultura bio-dinâmica para atingir uma melhor harmonia no vinhedo e exprimir melhor o potencial do sítio. Este Cinabre é produzido a partir da casta Cabernet Franc, com uma idade média de 25 anos, e estagiou em carvalho francês durante 6 meses.

5. Casal Figueira – Vindima tardia 2007 (Estremadura)

Acabamos o percurso iniciático na bio-dinâmica com António Carvalho e a sua vindima tardia de Petit Manseng, apanhado no final de Outubro quando a uva começa a tornar-se passa e concentrou os açucares. Um vinho de sobremesa ou de meditação.

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