“Nada faz mais parecer o futuro cor-de-rosa como de olha-lo através de um copo de Chambertin”
Alexandre Dumas
Caros Goliardos,
Esta semana é Jackpot: Borgonha tinta acabada de chegar, com vinhos que farão lamber os beiços dos aficionados.
Região de predilecção de muitos, (não vamos dizer de quem), a Borgonha apresenta vinhos elegantes, finos, leves, que poderão passar ao lado de quem se habituou a vinhos do Sul, potentes, concentrados, ditos encorpados, e que tratarão os vinhos da Borgonha brutalmente de diluídos.
Delicados e aéreos, os vinhos da Borgonha são vinhos de silêncio.
Esta sexta-feira iremos provar vinhos do produtor Taupenot-Merme, das sub-regiões Cote de Nuits et Cote de Beaune, todos tintos, incluindo as denominações míticas Morey St Denis et Gevrey-Chambertin.
Tendo em conta o nível dos vinhos que iremos provar, a prova custará 20 euros por pessoa. Nós já estamos a salivar….
Cumprimentos goliárdicos,
Sílvia e Nadir
E para quem descobre completamente…
Região desenvolvida na Idade Média pelos monges cistercienses (séc. XI)
Condições geográficas
Clima continental fresco.
Solos argilo-calcários, terras entre vales e encostas.
Parcelas pequenas. Grande densidade de plantação.
Castas
Castas brancas: Chardonnay (e algum Aligoté)
Castas tintas: Pinot noir (e algum Gamay)
Tintos
Subtis e profundos, de aparência não opaca, com aromas delicados e persistentes. Pouco alcoólicos e com acidez notável.
Brancos
Encorpados, aromáticos, elegantes, que exprimem a mineralidade com o tempo.
Denominações de origem
Hoje em dia, a Borgonha tem 25 000 ha de vinhas.
Os “grands crus” (32 melhores “terroirs” da Côte d’Or e 7 do Chablis) representam apenas 1,5% da produção total do vinhedo
As denominações comunais e os 1ers crus contribuem para os 45% da produção total.
As denominações regionais contribuem para 53,5% do total.
Sub-regiões
A denominação Borgonha contém 5 áreas distintas, das quais destacamos aqui 2:
Côte de Nuits
22 Km de comprimento,
Quase essencialmente dedicada aos vinhos tintos
Zona de predilecção da casta pinot noir, que dá vinhos complexos, cheios e finos.
Os “grands crus” são expostos a Este no meio das encostas.
Côte de Beaune
28 Km de comprimento
Zona de predilecção dos brancos que produz vinhos tintos mais aromáticos e frutados que na Côte de Nuits, com uma capacidade de guarda normalmente inferior.
A noção de climat
A noção de “climat” (sinónimo de terroir) é uma palavra borgonhesa quase mística, para descrever a unidade imutável, num sítio dado, do solo, da exposição e de todo o ambiente da vinha. É o “climat” que interpreta a casta pinot noir ou chardonnay, não o contrário.
Costuma definir-se o vinho de Borgonha como a procura duma complexidade óptima através da exaltação das riquezas de uma só casta ajudada pela diversidade dos “terroirs”.
Pinot noir
casta tinta, cuja origem está mal conhecida, data do séc. IV, sensível às geadas tardias, precisa dum período vegetativo largo e equilibrado.
Tem bagos compactos e pequenos, com uma pele fina.
A Pinot noir exige muito, tanto do viticultor como do vinificador. O segredo consiste em extrair cor e aroma, mas não demasiados taninos, dessas uvas de pele relativamente delgada, embora alguns vinificadores conservem alguns engaços na cuba de fermentação em anos mais temperados, quando temem que os níveis de taninos sejam perigosamente baixos.
Os encantos da Pinot são decididamente mais sensuais e mais transparentes.
Talvez as únicas características que se podem dizer serem partilhadas pelas Pinot noir de todo o mundo sejam uma determinada doçura do fruto e, em geral, níveis de taninos e pigmentos inferiores aos das outras “grandes” castas tintas. A Pinot pode saber a framboesa, morangos, cerejas, e a violetas quando jovem, e envelhecer com essências mais outonais ou de especiarias até adquirir um sabor de caça mais considerável ao fim de muitos anos em garrafa. A Pinot noir parece produzir a melhor qualidade de vinho em solos calcários e em climas relativamente frescos, onde esta videira de maturação precoce não corre apressadamente para a maturação, perdendo aroma e acidez.
A degustação dos tintos
Para o padre Arnoux, que descreveu a situação vinícola da Borgonha em 1728 na primeira carta vitivinícola, os vinhos da zona têm “vapores suaves” e “bebem-se de duas maneiras, pelo nariz e pela boca, ou ambas ou separadamente.”. O abade Arnoux distingue “a cor de fogo” do Pommard (Côte de Beaune) e o veludo escuro da Côte de Nuits.
Nos vinhos feitos com pinot noir, a potência taninosa não deve ser analisada como num vinho de Bordeús ou da Bairrada ou Douro. Embora possa ser tão perceptível, exprime-se diferentemente. Pode-se falar de taninos subjacentes, escondidos no fundo do copo. Os seus grãos podem ser só fininhos que podem parecer ausentes para um provador habituado aos vinhos da Bairrada, do Piemonte italiano (casta nebbiolo) ou do Sudoeste da França. Revelam-se no final da boca, sublinhando uma estrutura, uma envergadura que podia não se notar no início da prova. Em geral, dão vinhos carnudos, macios e aveludados, com elegância e complexidade aromática.
Elementos climatéricos sobre 2007
Não existe uma região onde as condições climatéricas sejam mais instáveis e influem tanto sobre a qualidade final e a expressão dos vinhos. As últimas semanas são decisivas sobre o estilo de cada colheita, sobretudo no caso do Pinot Noir, muito sensível às condições climatéricas.
2007 : Colheita difícil com um ano atípico : um Inverno excepcionalmente quente, uma primavera a imitar um verão até final de Maio, seguida por um verão fresco e húmido quase outonal até final de Agosto, o mês de Setembro é fresco, mas seco e com dias soalheiros. A precocidade excepcional da maturação durante a primavera permitiu vindimar os tintos, apesar do mau tempo estival, no principio de Setembro na Cotes de Beaune e uma semana depois na Cotes de Nuits. As condições climatéricas difíceis obrigaram a ter muita vigilância contra o desenvolvimento do Botrytis (podridão cinzenta). A maturação fenológica (pele e grainhas) é globalmente conseguida, mas houve uma grande heterogeneidade de maturação que obrigou à uma triagem severa na vinha e na mesa de selecção à entrada da adega. 2 factores fundamentais para conseguir a qualidade dos tintos nesta colheita :
– selecção drástica das uvas
– vinificação com extracção suave para preservar um frutado fresco, taninos sedosos dando vinhos mais gulosos e agradáveis que profundos.
Elementos sobre a quinta Taupenot-Merme
Situada em Morey Saint-Denis, esta quinta tem 13 ha de vinhas, plantadas em 20 Denominações de origem diferentes na Côte de Beaune e Côte de Nuits, com uma idade média de 35 anos. Todo o vinhedo é conduzido em agricultura biológica desde 2001. As vindimas são feitas manualmente e as uvas são vinificadas sem desengace, com uma maceração pré-fermentar a frio durante 10 dias para extrair cor e fruta. Romain Taupenot privilegia vinificações sem intervenção : não utiliza leveduras seleccionadas, enzimas ou qualquer aditivo. Os vinhos estagiam consoante as parcelas e os anos entre 12 e 15 meses em madeira de carvalho com uma percentagem de madeira nova entre 25 e 40%.
Quando? 6ªfeira, 5 de Março, das 19h30 às 21h30
Onde? Na garrafeira/bar de vinhos Os Goliardos, junto à praça da Alegria em Lisboa
Quanto? 20 euros por pessoa, a pagar no momento da inscrição.
O que inclui? Sessão animada e pedagógica sobre o tema, vinhos seleccionados e petiscos a condizer.
Como funciona? Sentados em torno de mesas e copos, iremos provar em conjunto e em prova cega vinhos do tema. Nós introduziremos informações sobre a região e os vinhos, os participantes irão trocar opiniões sobre os vinhos provados, sempre de uma forma livre e pedagógica.
Como fazer a minha reserva? Basta enviar um mail para info@osgoliardos.com. com o
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Temos um numero de lugares limitado por isso a corrida está lançada!