Resultados da prova das 1001 noites dedicada a Champagne de vignerons

A prova
A prova
Prova com a presença de 20 pessoas. Vinhos provados às cegas.
No conjunto todos os Champagnes foram apreciados e tiveram os seus adeptos. Contrariamente ao estilo das grandes casas a que os apreciadores se foram habituando frequentemente com notas intensas de brioche e frutos secos, os Champagnes aqui provados revelam-se mais próximos do vinho, mais minerais e talvez menos marcados pelo estágio, no conjunto. Foi difícil identificar às cegas os vinhos, mas podemos concluir que se sentem mais pontos em comum em vinhos feitos pelo mesmo produtor com terroirs mais próximos do que vinhos feitos com a mesma casta. Lahaye seria um vinho diferente dos restantes por notas mais tostadas num estilo mais potente, Larmandier-Bernier foram ambos vinhos mais intrigantes e ainda a precisar de tempo, e Laherte com vinhos mais minerais, puros, jovens com acidez elevada e de persistência elevada, com votações superiores aos restantes.

Os vinhos

Lahaye Naturessence 48,5€
Produzido com 50% de Pinot noir proveniente duma vinha d’Ambonnay de 1980 e duma vinha mais nova em Bouzy chamada La Grosse Pierre e 50% de Chardonnay da Côte des Blancs proveniente duma vinha de 1952. Solos profundos com base argilosa e arenosa sobre o sub-solo calcário. Estagiado durante 10 meses em madeira usada. Extra-Brut 4g/l.

Prova: Vinho 2 em prova. Vinho de notas torradas e de fruta cristalizada, redondo e cheio em boca, num estilo mais potente.

Larmandier-Bernier Longitude 43€
100% Chardonnay proveniente das aldeias da Côte des Blancs : Vertus, Oger, Avize e Cramant em solos com o giz a superfície. Base do ano 2012 com vinhos de reserva constituídos por uma solera de 2004 a 2011. Extra Brut dosagem 4g/l

Prova: Vinho 3 em prova. Vinho mais cheio e com espuma mais presente, salgado, elétrico, com a sensação que ainda precisava de tempo.

Larmandier-Bernier Terre de Vertus 50€
Chardonnay proveniente duma parcela muito bem exposta a Sudeste na aldeia de Vertus, no meio da encosta e da colheita 2010. Vinho sem dosagem.

Prova: Vinho 6 em prova. Vinho vinoso e com notas de evolução, terra, cogumelos, marmelo.

Laherte Vignes autrefois 2012 50€
Champagne proveniente de 2 vinhas plantadas em 1947 e 1953 nas zonas de Chavot (solo argilo-calcário com base calcária) e Mancy (num solo menos profundo com giz mais em superfície) 100% Pinot Meunier. Fermentou em barricas usadas e estagiou 6 meses sobre as suas lias. Extra-brut dosado entre 2 e 4 g/l.

Prova: Vinho 4 em prova. Vinho que lembrava o nº1 em prova (que se verificou ser do mesmo produtor). Acidez vincada, personalidade afirmada, directo, austero e complexo, harmonioso e persistente.

Laherte Millésimé 2006 47€
Seleção das melhores uvas de Chardonnay e Pinot Meunier de vinhas com uma média de 35 anos. O lote é feito com :
85% Chardonnay dos Terroirs de Chavot et Epernay. Solos ligeiros, pouco profundos, dominante calcária.
15% Pinot Meunier dos Terroirs de Chavot, Mancy e Vaudancourt. Solos pouco profundos e sub-solo calcário. Fermenta e estagia em madeira usada e nova. Dosagem 4,5 g/l.

Prova: Vinho 1 em prova. Vinho cítrico, acidez vincada, seco, puro e mineral, com notas discretas terciárias a aparecer depois de algum tempo.

Laherte Les 7 …65€

Champagne que resulta da vontade da família Laherte de reconstituir um champagne mais parecido com o que se produzia na região quando eram complantadas varias castas autoctonas. A partir de vinhas velhas ainda existentes, fizeram uma seleção massal para recriar uma vinha com as castas autóctonas seguintes : 10% Fromenteau, 8% Arbanne, 14% Pinot Noir, 18% Chardonnay, 17% Pinot Blanc, 18% Pinot Meunier et 15% Petit Meslier. Fermentação e estagio em barricas usadas. O champagne final provém de 60% do vinho do ano anterior loteado com uma reserva perpetual (solera) de 2005 a 2012. Dosagem inferior a 4 g/l.

Prova: Vinho 5 em prova. Vinho delicado e afinado, com grande equilíbrio. Vinho mais comprido e apaziguado. Foi de longe o vinho mais votado da sessão.

INFO SOBRE OS PRODUTORES
Benoît Lahaye
Situada em Bouzy, aldeia classificada Grand Cru na Montagne de Reims, esta quinta dispõe de 4,5 ha essencialmente plantada nas aldeias de Bouzy (3 ha), Ambonnay e Tauxières, em Pinot Noir (85%) com vinhas entre 25 e 30 anos e 12 ares na Côte des Blancs em Voipreux com vinhas com mais de 60 anos. Benoît trabalhou inicialmente com o pai que entregava as uvas à Adega Cooperativa local antes de decidirem engarrafar directamente para poder exprimir dentro da garrafa o trabalho exigente que fazem na vinha no sentido de obter uvas com um carácter local afirmado. Adoptou a agricultura biodinâmica em 2010 depois de observar os resultados positivos no trabalho de colegas da Alsácia e da Borgonha. Explica este seu percurso na viticultura com a simplicidade da terra dizendo que desde então, a relação com a vinha mudou e confessando um prazer especial, desconhecido até lá, de estar na vinha a trabalhar a terra juntamente com a sua égua Tamise, animal maciço e manso. Os seus Champagnes são complexos e frutados e ao contrário da tendência natural do terroir potente de Bouzy, procura realçar a frescura e a finura e conter o lado poderoso que o Pinot Noir ganha habitualmente na zona. Os champagnes são vinificados em barricas usadas e a maloláctica procurada para não endurecer os vinhos e minimizar a quantidade de sulfuroso.

Laherte

Produtor situado em Chavot a Sul de Epernay com 75 parcelas cultivadas de forma tradicional com o objectivo de revelar a identidade de cada uma delas.

Cultiva um total de 11ha nas 3 sub-regiões seguintes :
– Encostas a Sul d’Épernay : nos crus Chavot, Epernay, Vaudancourt, Moussy, Mancy e Morangis plantados com as 3 castas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier,
– A Côte des blancs nos crus de Vertus e Voipreux em Chardonnay 1er Cru,
– Na “vallée de la Marne” com os crus Le Breuil et Boursault en Pinot Meunier

As vinhas velhas e a preservação da biodiversidade são importante para esta familia de produtores e as mais velhas foram plantadas em 1947. Além das castas mais conhecidas Pinot Meunier, Pinot Noir e Chardonnay, a família Laherte recuperou e cultiva castas tradicionais da Champagne que desapareceram pouco a pouco : Arbanne, Fromenteau, Pinot Blanc e Petit Meslier, que entram num champagne chamado “Les 7” que celebra a variedade de castas champanhesas.
Thierry Laherte com o seu irmão Christian e o filho do primeiro Aurélien gerem hoje esta quinta fundada em 1889, dando uma atenção extrêma ao vinhedo, para trazer na prensa uvas que restituam a espeficidade de cada parcela. Na vinificação, são adeptos do trabalho na madeira há mais de 25 anos, com mais de 80% dos vinhos vinificados em Foudres ou Barricas usadas e fermentações naturais e lentas, numa forma de trabalhar que lembra um pouco a Borgonha. Os champagnes são puros e firmes, com uvas maduras que trazem complexidade aromática e profundidade de sabores.

Larmandier-Bernier

Situado nas mais prestigiosas aldeias da Côte de Blancs, o vinhedo de Pierre e Sophie Larmandier prolonga uma tradição de viticultura iniciada pelos avós. Cultivam 16 hectares, com vinhas com uma média de 35 anos, plantadas a partir de seleção massal nas vinhas velhas e predominância de Chardonnay (90%). O vinhedo Vertus é classificado Premier Cru e os restantes estão classificados como Grands Cru (Cramant, Chouilly, Oger, Avize).
Procuram acima de tudo realçar as características de cada parcela, sem artifícios, e para tal trabalham uma viticultura natural, com práticas bio-dinâmicas, dosagens mínimas, com estágios longos entre três e oito anos nas caves de giz.

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