O outono instala-se finalmente. A chuva que acompanha, o frio que nos aquece em casa e em bom retorno revisitamos o Dão, origem de Uvelhas Negras e burras Pelludas, frescura e sapidez do granito das Serras do centro e a profundidade húmida das argilas de Penalva.
De 1 a 15 de novembro, às dezenas de variedades brancas e tintas, de brancos a curtimentas a claretes, palhetes e tintos mais ou menos leves, partilharemos a histórica região do vinho da montanha.
Durante os próximos 15 dias, todos os vinhos do Dão estarão com desconto de 5%, e para encomendas superiores a 150 euros, terão 10% de desconto.
Para adquirir, poderão visitar-nos na nossa garagem (segundas, quintas e sextas-feiras das 16 às 20 horas) ou fazer uma encomenda enviando o ficheiro preenchido para o mail encomendas.goliardos@gmail.com.
A partir de 60€ de encomenda, poderemos entregar gratuitamente na zona de Lisboa. Para envios para fora de Lisboa, o valor de transporte será cotado após recepção da encomenda com morada e contacto telefónico.
A região
Região de grande tradição de vinhos de mesa, tipicamente de lote de castas, tanto de brancos como de tintos, numa zona continental em altitude, cercada por serras (Estrela, Caramulo, Buçaco, Montemuro) que formam uma barreira à influência atlântica, com invernos frios, verões com dias quentes mas noites frescas que permitem manter a frescura dos vinhos. Precipitação elevada na Primavera e Outono, mas com solos filtrantes essencialmente graníticos, com algumas zonas de xistos. O Dão produz brancos frescos e florais e tintos elegantes, cheios mas equilibrados, perfumados, taninosos, vivos e frescos, com aromas de floral intenso e boa capacidade de envelhecimento. Embora tenha sofrido com o aparecimento das regiões Douro e Alentejo, o Dão permanece uma região histórica com grande reconhecimento pela qualidade e variedade de vinhos que produz, clássicos e equilibrados.
As castas
Alfrocheiro
Alfrocheiro prolifera pelo região do Dão, havendo uma presença significativa no Alentejo. Tem alguma semelhança com o Bastardo e nalgumas zonas é chamada Bastardo preto. Como apresenta uma diversidade morfológica baixa, é considerada uma casta recente, plantada provavelmente depois da Filoxera. Tem um ciclo precoce, com um abrolhar temprano e uma maturação precoce. Muito vigorosa e produtiva, é sensível à podridão e ao míldio. Dá vinhos ricos em cor, com sabores a amoras e morangos maduros intensos e com uma tanino fino que permite um consumo na juventude.
Baga ou Poeirinho
Provavelmente originário do Dão, onde mostra maior diversidade clonal, a Baga está plantada hoje em maior quantidade na Bairrada. Com bagos grandes e compactos e uma película fina e de maturação tardia, tornando-a sensível a podridões, ela precisa de fim de verões solarengos e secos para revelar todo o seu potencial. Nos climas de influência atlântica, pode dar vinhos profundos, com taninos firmes e acidez vincada, capazes de envelhecer numa gama aromática que mistura sabores a frutos vermelhos, bosque, especiarias. Quinta da Vacariça, Quinta das Bágeiras, Quinta da Serradinha, Luís Pato, Niepoort são bons exemplos da sua expressão monovarietal.
Jaen
Conhecida também como Mencia em Espanha, é no Dão que esta casta mais se encontra e melhor se expressa. Casta muito vigorosa, de maturação precoce, com pouca concentração de cor, álcool e acidez e sensível a doenças fúngicas. Vinhos mais rústicos, perfumados, macios e com aromas intensos a cereja. Muito utilizada em blend no Dão, na Beira Interior e em Trás-os-Montes e na versão monovarietal nos vinhos do João Tavares de Pina.
Rufete
Também conhecido como Tinta Pinheira, o Rufete é originário da zona Nordeste de Portugal, (Beira Interior) e é geneticamente um parente do Prieto picudo da zona de Castilla León em Espanha. Exigente na vinha, de maturação tardia tornando-a suscetível ao míldio e à podridão. Adapta-se melhor a regiões onde consegue chegar a uma maturação completa. Vinhos com pouco álcool e cor mas com muita acidez.
Tinta Roriz ou Aragonês
De muitos sinónimos desde Tempranillo em Espanha a Tinta Roriz no Norte de Portugal e Aragonês no Sul. Provavelmente originária da Ribera del Duero, onde o clima continental e a altitude lhe dão uma expressão mais complexa. De maturação média como também a sua produção. Muito usado em lote por todo o país, são vinhos que têm algum corpo com sabores de fruta preta, a sua produtividade tem que ser controlada e o nível de maturação é fundamental para evitar o lado vegetal como a sobrematuração.
Touriga Nacional
Provavelmente originária do Dão por apresentar a maior diversidade de clones nessa zona, ela é hoje em dia plantada em todas as regiões portuguesas e pelo mundo fora ganhando um grande destaque nos anos 1990 e 2000 e considerada uma das embaixadoras de qualidade e prestígio dos vinhos monovarietais portugueses. Muito fértil, robusta e vigorosa, com um porte muito anárquico, tem uma produção moderada. Aromaticamente muito singular com uma expressão muito perfumada de violeta, bergamota e chá. É a base de muitos lotes no Douro e no Dão mas foi também muito destacada na versão monovarietal.
Bical
Casta originária do Centro de Portugal (Bairrada e Dão), encontra-se também na zona de Serra d’Aire e Candeeiros sob o nome de Arinto de Alcobaça ou Borrado das Moscas. Casta bastante precoce, mantém um bom equilíbrio e pode dar vinhos carnudos e minerais nos solos calcários e nas exposições não muito solarengas.
Cerceal/Cercial
Plantada em várias regiões, tem nomes diferentes conforme a região: Cerceal Branco (Dão e Douro), escrito Cercial na Bairrada, a não confundir com o Sercial da Madeira que seria idêntico ao Esgana Cão. O Cercial da Bairrada tem cachos compactos, sensíveis à podridão, dá vinhos leves e frescos, com acidez pronunciada, o que leva a usá-lo em lote.
Encruzado
Casta emblemática do Dão, onde tem um papel equivalente nos vinhos brancos à Touriga nacional nos tintos, é uma casta algo vigorosa, de cachos pequenos. Tanto usada para lote, como para vinhos monovarietais, dá vinhos herbáceos e frutados na juventude, ganhando corpo com o estágio e sobre as lias e a evolução em garrafa, profunda, dá vinhos ricos e com um equilíbrio subtil. No Dão a Quinta da Pellada, João Tavares de Pina ou António Madeira apresentam vinhos que revelam a sua polivalência.
Fernão Pires ou Maria Gomes
Casta branca mais plantada em Portugal, devido à sua adaptabilidade a solos e climas e à sua produção. Além disso é bastante precoce na sua maturação mas pode dar vinhos interessantes numa versão sobre-madura, apresenta um aroma muito característico a laranja, toranja e a mel. Utilizada em blend nos vinhos do Húmus ou da Quinta da Serradinha, sob o nome de Fernão Pires, em vinhos monovarietais nos vinhos Tomaralmá e nos lotes da Quinta das Bágeiras sob o nome Maria Gomes.
Malvasia-fina
Também conhecido como Boal na Madeira, esta casta é originária da região do Douro e do Dão. Fácil de plantar e bastante produtiva, dá vinhos com uma boa acidez e álcool para lotear vinhos no Dão. Na Madeira (Boal) é um estilo de vinho mais doce que Verdelho e menos doce que Malvasia (Malmsey).