O pai Gilles e o filho Baptiste Bley cultivam 15 ha de vinhas em agricultura biológica, com as castas Auxerrois(Malbec), Tannat, Jurançon Noir em tinto e Mauzac em branco, nesta quinta situada na zona de planalto árido de Cahors, designado “causse”, a 1h15 a Norte de Toulouse, em terrenos mais leves e calcários que os outros terroirs de Cahors, mais argilosos da zona à beira do rio Lot, que dão origem a vinhos mais robustos e rústicos popularizados pelos ingleses como “black wines” pelo lado retinto. Fazem parte dos 10% de produtores que cultivam no terroir histórico qualitativo mais árido no planalto.
A casta rainha da quinta é o Malbec, mais conhecida como Auxerrois ou Côt na zona, de onde é originária, embora tenha ganho mais fama na Argentina onde é a casta emblemática dos tintos produzidos. Casta vigorosa, sensível a alguns insetos, gosta de terrenos calcários e aguenta bem a seca. Vinhos robustos, tânicos e com carácter densos que parecem predestinados à gastronomia à base de pato e ganso da região do Lot. Cultivam também o Tannat e a casta indígena Jurançon noir, mais ácida, que foi banida da denominação de origem por ser considerada demasiado selvagem, o que não desagrada à família Bley, assim como um pouco de Mauzac para uma pequena produção de branco.
Camponeses muito exigentes no acompanhamento das vinhas, pessoas de uma grande amabilidade e generosidade, com um sentido de humor ingénuo de pessoas cândidas com os pés na terra, preservadas das contaminações artificiais modernas, trabalham na discrição a produzir vinhos consistentes, digestos e capazes de longa guarda, revelando um estilo de Cahors que sabe aliar densidade e fluidez de boca.
Baptiste referia que subir até Paris para uma degustação era como passar da 2ª divisão nacional directamente para a Champions League de futebol… O que vai pensar no dia em que atracar no Tejo?
Clos Siguier
Gilles et Baptiste Bley
Sud-Ouest