Luís Gil já sonhava com vinho desde que o seu Olho brilhava com a garrafeira de família e confundia os líquidos vinhateiros com os fluídos marinhos. Aficionado provador, foi cobiçado por grandes nomes do Douro e de Peniche mas decidiu pôr as mãos no humus e, quando integrou a equipa da Encosta da Quinta liderada pelo Rodrigo Filipe, o seu futuro era escrito tornando-se em parte time um dos beachboys vinhateiros da West Coast. Mas não pensem que seja um passatempo de urbano que vai à quinta ao fim-de-semana porque as semanas do Luís são muito longas e as horas de sono marginais. Desde 2017 lançou-se no seu próprio projecto, cuidando de vinhas velhas na zona de Óbidos com idades entre os 40 e os 110 anos, e como um missionário de Baco, decidiu salvar o património de vinhas velhas do Olho Marinho como outros adotam animais abandonados. As vinhas muito disseminadas e fragmentadas, são amanhadas em modo biológico e busca fazer vinhos que transmitam o carácter Atlântico e o lado fluido em boca. Na adega, faz vinificações naturais, de intervenção mínima, sem adição de sulfuroso. Vem agora lançar os seus primeiros vinhos Marinhos, que refletem a energia impulsiva e espontânea do Luís. Afinal o lema “A Oeste, nada de novo”de Erich Maria Remarque não se aplica à realidade do vinho português.
Marinho
Luís Gil
Lisboa