1001 noites, elementos sobre a sessão Bairrada

Elementos sobre a sessão das 1001 noites
Tema: Bairrada
Data: 25 de Julho de 2008
Produtor convidado: Produtora Maria Castro (Dão)

Elementos sobre a denominação de origem controlada (DOC) Bairrada

Bairrada, cujo nome parece vir do sol de barro que a caracteriza, fica hoje enquadrada entre o rio Vouga à norte, o rio Mondego a Sul e as serras do Caramulo e do Buçaco a Este. O melhor e o pior pode sair desta região. O clima atlântico e a difícil e taninosa casta Baga reforçam-se para proporcionarem vinhos potentes, cheios e de inegável guarda ou ao contrário vinhos magros, duros e vegetais. Esta casta, generosa na produção, amadurece convenientemente nos solos argilo-calcários bem expostos e drenados. Região de grande tradição vínica apesar da demarcação tardia em 1979, as vinhas foram plantadas a Sul de Anadia pelos Romanos e a região ganhou fama com o desenvolvimento de Coimbra. Para proteger a fama do vinho do Porto, Marquês Pombal mandou arrancar nos anos 1770 as vinhas da Bairrada, o que foi um golpe duro no crescimento desta região. No século XXº e até a década 1980, Bairrada tinha um lugar particular no panorama dos vinhos nacional com algumas empresas a liderar o mercado. A evolução de estilo vínico impulsionada pela enologia moderna do Novo mundo contribuiu a afastar muitos consumidores actuais desta região, numa época em que a doçura agrada mais que a acidez e a adstringência.
2 escolas opostas existem na região :
– a clássica vinifica com o engace, em lagares e estagia o vinho em madeira avinhada. Esta escola é liderada pelo enólogo Rui Moura Alves e quintas como Sidónio de Sousa, Quinta das Bageiras. Os vinhos são densos, escuros e envelhecem ao mínimo 18 meses em madeira usada antes de serem engarrafados.
– a escola moderna trabalha a partir de uvas desengaçadas, em que a Baga não é exclusiva, fermenta a temperatura controlada e estagia o vinho em madeira nova francesa.
Em 2003, para reagir à crise que atingiu a região, as regras rígidas da DOC foram revisadas no objectivo de reter produtores tentados de escolher a DOC Beiras, mais flexível em termo de castas e de estilos de vinhos. Hoje coabitam 2 realidades :
– a DOC Bairrada que permite uma maior variedade de castas e um estilo mais comercial
– a DOC Bairrada Clássico que assenta na casta Baga, mas duma forma insatisfatória para os defensores do estilo clássico como o enólogo Rui Moura Alves, porque obriga só a ter 50% da casta Baga no lote deixando um espaço considerável à castas como Touriga nacional, ainda recentemente desconhecida na região.

Os vinhos

1. Quinta das Bageiras Reserva 2004 (Fogueiro – Anadia)

Quinta de tradição familiar liderada por Mário Sérgio Alves Nuno, 21 ha de vinhas no total com 6ha de vinhas velhas (75 anos) de Baga.

2. Luís Pato Vinhas Velhas 2004 (Ois de Bairro – Anadia)

O nome mais famoso da Bairrada, conhecido como o rei da Baga, que contribuiu fora para a fama da região. Vinho produzido a partir de vinhas velhas em que a casta Baga domina. Escola moderna com respeito da tradição.

3. Sidónio de Sousa Garrafeira 2000 (Sangalhos)

Quinta familiar, que produz vinhos como hobby e paixão sem viver directamente desta actividade. Vinhas com 90 anos plantadas em solo argilo-calcário. O vinho estagiou 18 meses em madeira de carvalho nacional avinhada depois duma fermentação com engaçe.

4. Casa de Saima Reserva 1999 (Saima – Anadia)

Quinta com 12ha numa zona arenosa e argilosa. Os vinhos pertencem a escola clássica. Setembro 1999 foi chuvoso o que tornou a maturação da Baga mais difícil, sendo uma casta que tarda a amadurecer e precisa de verões longos.

5. Quinta da Dôna 1992 (Ancas)
Um tinto da nova escola bairradina, produzido por Ataíde Semedo na região de Ancas. Cepas sexagenárias, uvas desengaçadas, fermentação em inox e “aversão” a longos estágios em madeira velha.

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