Elementos fornecidos nas 1001 noites
TEMA: 5 regiões portuguesas, 5 tintos
Data: 14 de Novembrode 2008
Alentejo
A posição meridional e a ausência de relevos importantes são responsáveis pelas características mediterrânicas e continentais do clima. Região essencialmente de planície, o Alentejo caracteriza-se pela diversidade dos seus solos, variando entre os graníticos de Portalegre e os xistosos de Reguengos, Moura e Vidigueira. A insolação tem valores bastante elevados, o que se reflecte na maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem as vindimas, conferindo às uvas uma desejável acumulação de açúcares e de matérias corantes na película dos bagos. Em geral, os vinhos aliam maciez e frutado intenso. É pena que a longevidade não seja plenamente procurada por causa de uma vinificação que privilegia excessivamente a expressão do frutado inicial e de um estágio rápido e reductor.
Bairrada
Bairrada, cujo nome parece vir do sol de barro que a caracteriza, fica hoje enquadrada entre o rio Vouga à norte, o rio Mondego a Sul e as serras do Caramulo e do Buçaco a Este. O melhor e o pior pode sair desta região. O clima atlântico e a difícil e taninosa casta Baga reforçam-se para proporcionarem vinhos potentes, cheios, frescos e de inegável guarda ou ao contrário vinhos magros, duros e vegetais. Esta casta, generosa na produção, amadurece convenientemente nos solos argilo-calcários bem expostos e drenados.
Dão
O Dão é situado na província da Beira Alta, na bacia do rio Mondego e do seu principal afluente : o Dão.
A região do Dão tem como limites pela nascente a Serra de Estrela, pelo poente a do Caramulo, que a defendem dos respectivos agentes climatéricos continentais e marítimos, a Norte a da Lapa e a sul as da Lousã e do Buçaco que a protegem dos ventos agrestes soprados desses pontos. Os vinhedos são espalhados, escondidos numa região montanhosa, entre florestas espessas de eucaliptos e pinhos, cultivados nas encostas suaves, em solos de origem granítica, embora existam, em algumas zonas, umas aflorações xistosas. Há parcelas cultivadas até 800 m de altitude, onde as cepas são expostas às grandes variações climatéricas o que permite reter a acidez, os aromas, a substância e o carácter arraçado.
Douro
Rodeada por altos montes em três lados, a região do Douro está bem protegida dos assaltos do Atlântico.
Para Norte, as serras do Alvão, da Padrela e de Bornes servem de escudo à região, defendendo-a dos ventos frios do norte; enquanto, logo a nascente, o maciço granítico da serra do Marão, com uma altitude de 1400 metros, lança sobre toda a região como que uma sombra de chuva. Ao longo do vale do Douro, verifica-se uma transição climática, das condições temperadas e húmidas que predominam no litoral, até ao clima de extremos, de tipo continental/mediterrânico, da meseta Ibérica (no Douro superior).
A região duriense tem uma área total aproximada de 250 000 ha e a vinha ocupa cerca de 30 000 ha. A maioria das vinhas são de pequena dimensão, minifúndios, existindo cerca de 75 000 parcelas, cultivada por cerca de 33 000 viticultores. Os solos são predominantemente xistosos.
Palmela
A região de Palmela inclui 2 sub-zonas com “terroirs” distintos : uma a Norte da Serra de Arrábida, com solos essencialmente argiloso-calcérios, mais adequados a castas brancas (Fernão Pires, Arinto, Moscatel) e as Terras do Sado, mais continental com um solo arenoso. A mistura de clima continental e marítimo convém bem a casta tinta indígena Castelão, que constitui a principal variedade tinta (podendo encontrar também a Trincadeira, o Cabernet-Sauvignon e a Touriga nacional, recentemente plantadas), com aromas de frutos vermelhos do bosque e bastante adstringente na juventude, evoluindo com toques de alcatrão.
Os vinhos
1. Palmela – Casa Agr. H.Simões Vinha Val dos Alhos 2007
Esta quinta familiar existente desde 1910 é mais conhecida pelos seus Moscatéis, especialmente o Roxo e o Excellent, blend de diferentes anos. Este vinho tinto foi produzido numa vinha de 10 ha em solo arenoso, com a casta Castelão. Vinificado de modo tradicional com o engaço e no lagar, estagiou em tonéis avinhados de madeira francesa.
2. Douro – Quinta do Infantado 2006
Situada no Cima Corgo, em Gontelho perto do Pinhão, a quinta do Infantado produz com João Roseira e a enóloga Fátima Ribes vinhos que têm uma grande riqueza aromática, mas a frescura e a estrutura afirmada são também a marca desta quinta, inspirada pelo estilo duriense clássico como pelo conhecimento dos vinhos estrangeiros. Esta tinto 2006, produzido a partir de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Rpriz e Vinhas velhas, foi pisado a pé no lagar, estagiou em cuba e 16 meses em barricas de carvalho. Foi engarrafado em Junho de 2008.
3. Dão – Vinha Paz Colheita 2006
Quinta situada em Silgueiros, entre Viseu e Nelas, com 15 ha de vinhas. O pai António Canto Moniz e o filho Henrique lideram esta quinta familiar, cuja produção foi incentivada pelo Magalhães Coelho, que foi um dos grandes técnicos de viticultura e defensores dos vinhos do Dão. As castas mais representativas são a Touriga Nacional (cerca de metade do encepamento), Alfrocheiro preto, Tinta Roriz e Jaen. Os vinhos são feitos em lagares e estagiam em tonéis de carvalho francês.
4. Alentejo – Júlio Bastos Dona Maria 2005
A quinta de Júlio Bastos é a quinta do Carmo, cujo nome tem sido vendido aos Rotschild quando compraram as vinhas antigas do Júlio. Foi em 2003 que arrancou o novo projecto chamado Dona Maria com 53 ha de vinhas com 40 anos e novas plantações, onde além das castas locais Aragonês e Alicante-Bouschet, plantou as castas bordalesas Cabernet-Sauvignon e Petit-verdot assim como a casta do Ródano Syrah. Neste vinho, entram 50% de Aragonês, 20% de Cabernet-Sauvignon, 15% de Alicante-Bouschet e 15% de Syrah, cultivadas em solos argiloso-calcário.
5. Bairrada – Quinta das Bageiras Reserva 2004
Quinta situada em Fogueira (Anadia), de tradição familiar liderada por Mário Sérgio Alves Nuno, com 21 ha de vinhas no total e 6ha de vinhas velhas (75 anos) de Baga, plantada em solo argilo-calcário. O vinho resulta duma vinificação com engaço, com leveduras indígenas e estagia em tonéis de madeira avinhada. Este vinho da Bairrada representa o estilo clássico, com o apoio do enólogo Rui Moura Alves que defende a singularidade dos vinhos da Bairrada e particularmente a riqueza da casta Baga.