PROVA DO MÊS – Vinhos sem adição de sulfitos

2a feira, 25 de Março, 17h na Garagem d’Os Goliardos, Rua General Taborda 91, Campolide

Com Tiago Cartageno da Quinta Vila Rachel no Douro e Rodrigo Filipe da Encosta da Quinta, em Lisboa

A adição de sulfuroso ao longo da vinificação faz-se desde tempos remotos como conservante, pelas suas propriedades antioxidantes e antibacterianas. Tem um efeito fixador que em excesso pode petrificar o vinho, não permitindo que evolua. Sabemos também que é um grande responsável pelas dores de cabeça do dia seguinte e que existem pessoas alérgicas aos sulfitos, razão pela qual no início do novo milénio começou a ser obrigatória a menção se o vinho contém ou não sulfitos. Talvez por ser a única menção obrigatória para além do nível alcoólico, passou a ser um tema de fortes debates, criando movimentos anti-sulfitos e amigos do sulfuroso. Curiosamente, os sulfitos são utilizados em tantos produtos alimentares, como é o caso dos frutos secos, compotas, sumos de fruta, conservas várias, mas passam desapercebidos nos acérrimos defensores das várias correntes. Igualmente, é de relembrar que naturalmente o mosto em fermentação numa situação anaerobia (privado de oxigénio) produz sulfitos, e como tal, mesmo os vinhos sem adição de sulfitos, contêm frequentemente sulfitos em baixas quantidades.
E afinal, qual o impacto da adição ou da não adição de sulfitos na degustação de um vinho? Quais os argumentos para adicionar ou não sulfitos, mas sobretudo em que quantidades, e muitas mais questões surgem ainda: sob que forma é adicionado? Em que momento é adicionado?

Sabemos que os vinhos sem adição de sulfitos estão teoricamente mais desprotegidos de fenómenos oxidativos ou bacterianos, e portanto mais sujeitos a criar acidez volátil e desenvolver alguma instabilidade (alguns microorganismos). Por isso, fazer vinhos sem adição de sulfitos e que preservem identidade é um desafio que não é para qualquer um, nem em qualquer lugar. Exige uma grande qualidade das uvas, uma vinificação muito atenta e rigorosa e um conhecimento aprofundado do seu terroir. Por este motivo, a terminologia em voga de vinhos de mínima intervenção parece-nos passar ao lado da complexidade do processo.

Para alimentar o debate convidámos dois produtores portugueses que produzem vinhos sem adição de sulfuroso, para conhecermos as suas motivações e questões. São muito poucos em Portugal que o fazem, e o Tiago e o Rodrigo já têm algum calo nestas práticas.
Juntem-se a nós para este de-prova-bate!

Prova de lugares marcados, 20€/pessoa pagos por mbway ou transferência
Reserva obrigatória para golias.goliardos@gmail.com

Para os participantes na prova e no dia da prova, todos os vinhos dos produtores da prova terão 20% de desconto sobre a lista de aficionados
Em caso de desistência, agradecemos que nos informe com 24h de antecedência. Caso contrário, o valor não poderá ser devolvido.

Humus

O Rodrigo Filipe era uma Bela Esquecida que fazia os seus vinhos no seu cantinho, nas encostas da Quinta do Paço com cerca de 10 ha, em Alvorninha, algures para os lados das Caldas da Raínha, sem contacto com o mundo do vinho, cavando pelo meio algumas onditas de surf, e podando o seu piano. Um auto-didacta do vinho, fazia vinhos naturais, sem adição de químicos na vinha e na adega, não porque estavam na moda pelo mundo fora, mas porque naturalmente era o que era puxado a fazer. Hoje a moda anda atrás dele mas o seu espírito continua leve e ventilado como as suas encostas. Realiza uma agricultura biológica e vinificações naturais, com experiências muito pessoais, completamente “out of the book”, de forma artesanal e intuitiva, para fazer vinhos da terra, atlânticos, leves e frescos, com as castas Fernão Pires, Arinto, Castelão, Syrah e Touriga Nacional, com bocas selvagens, salivantes e sápidas. Homem de calo, Rodrigo dedica-se de corpo e alma às suas várias paixões. Os seus vinhos transmitem a sua simplicidade de espírito, criando controvérsias que ele próprio não cria, com energia e muita verdade.

Vila Rachel

Tiago Cartageno é a sexta geração da quinta familiar que foi criada em São Mamede de Ribatua pelo escultor José Joaquim Teixeira Lopes e a sua esposa Rachel Pereira de Meireles nos anos 1880. Numa família onde a arte sempre foi importante, Tiago também começou por seguir nessa direção, mas nas viagens pelo mundo fora sentiu o apelo do Douro e uma vontade de mudança das práticas modernas. Em 2015 teve início a conversão da quinta para agricultura biológica e em 2017 Tiago realizou a sua primeira vindima no regresso à terra. Adepto dos métodos da agricultura síntrópica que descobriu no Brasil, Tiago privilegia a coabitação de várias especies de plantas, arbustos e árvores, deixando árvores crescer ao lado ou dentro das vinhas e procurando uma grande diversidade de cultivos que acompanham a vinha como oliveiras, citrinos, avelaneiras, macieiras, cíprestes, pinheiros. Em síntonia com essa abordagem, a quinta é amanhada conforme os princípios da agricultura biológica de forma a realçar toda a vida que esse rico ecosistema contém.

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