6ªfeira, 4 de Dez, nas 1001 noites, Vinho da Madeira com a enóloga convidada Ana Rosas, da Ramos Pinto

Caros Goliardos,

Andava há muito prometida uma sessão sobre Madeiras. Temos que confessar que somos Madeira-addicted, e já temos água na boca de pensar nas delícias.
Para provar maravilhas com expertise, convidámos a Ana Rosas, enóloga da Ramos Pinto para vinho do Porto, que vai com certeza animar a sessão de uma forma descontraída e desbocada.

Cumprimentos goliárdicos,

Sílvia e Nadir

Quando? 6ªfeira, 4 de Dezembro, das 19h30 às 21h30
Onde? Na garrafeira/bar de vinhos Os Goliardos, junto à praça da Alegria em Lisboa
Quanto? 15 euros por pessoa, a pagar no momento da inscrição.
O que inclui? Sessão animada e pedagógica sobre o tema, vinhos seleccionados e petiscos a condizer.
Como funciona? Sentados em torno de mesas e copos, iremos provar em conjunto e em prova cega vinhos do tema. Nós introduziremos informações sobre a região e os vinhos, os participantes irão trocar opiniões sobre os vinhos provados, sempre de uma forma livre e pedagógica.

Como fazer a minha reserva? Basta enviar um mail com o nome dos interessados para info@osgoliardos.com. Temos um numero de lugares limitado por isso a corrida está lançada!

Convidado da sessão:
Ana Rosas, enóloga da Ramos Pinto

Quem nasce numa família de vinho do Porto, tem dificuldade em escapar ao seu destino de vir a trabalhar no vinho. Não podemos dizer que é um triste fado. Ana Rosas é um bom exemplo: da família Ramos Pinto, trabalha para a Ramos Pinto, enquanto enóloga de Portos. Mostrou-nos o que é a arte de um lote e ficámos rendidos à ideia de que é uma arte única no mundo, geração após geração, com uma concorrência saudável entre casas, cada uma no seu estilo, com uma troca de conhecimento (e também de matrimónios).
O vinho da Madeira e o vinho do Porto têm muito em comum, e por isso considerámos que a Ana Rosas seria uma óptima pessoa para provar connosco Madeiras, não sendo da Madeira.
À descoberta dos vinhos da Madeira

O vinho da Madeira é um vinho fortificado, tal como o vinho do Porto, ou seja foi-lhe adicionado álcool durante a fermentação, produzindo um vinho com um teor de álcool mais elevado. O Madeira de qualidade é feito a partir de uvas brancas, com uma acidez muito elevada, equilibrando a doçura existente. Tem um envelhecimento oxidativo sob temperaturas elevadas, simulando o calor que os primeiros vinhos sofriam quando eram transportados em barco até à Índia e voltavam.
Os bons Madeira têm uma longevidade absolutamente única.

História: Os vinhos Torna-Viagem

A vinha foi plantada desde a chegada dos portugueses, e foi estimulada a partir do séc. XVII pela necessidade de abastecer os navios para a rota do Atlântico e do Índico.
Dizem uns que esses vinhos iam até à Índia para serem vendidos, mas que por vezes tal não acontecia e voltavam. Torna-Viagem, como lhes chamam. Dizem outros que os vinhos iam no porão para equilibrar os barcos.
Independentemente do motivo, rapidamente se constatou que os vinhos da Madeira embarcados nos porões dos navios, à mercê das altas temperaturas dos trópicos, regressavam claramente melhorados.
As condições de calor a que eram submetidos os vinhos passaram então a ser criadas a partir do séc. XVIII através da técnica de estufagem.
O vinho representa ainda hoje o produto de maior importância de exportação da ilha da Madeira.

Vinhas: pequenas parcelas bem escondidas no meio do jardim
Não é fácil descobrir as vinhas na Madeira. É preciso saber onde estão e algumas estão tão inacessíveis que só andando meia hora a pé, em caminhos de cabras, se consegue chegar até elas. A produção da uva é feita em pequenas parcelas pertencentes a pequenos produtores que vendem as uvas às casas de Vinho da Madeira. Mais uma semelhança com o vinho do Porto.

A extensão da Região Vitícola é de cerca de 400 hectares. Trata-se de uma paisagem caracterizada por declives muito acentuados, que regra geral se encontram sob a forma de socalcos, designados por poios. As condições particulares do solo de origem vulcânica, na sua maioria basálticos, e a proximidade ao mar, associadas às condições climatéricas, em que os verões são quentes e húmidos e os Invernos amenos, conferem ao vinho características singulares.

O sistema de condução mais tradicional é o da “latada” (pérgola), no qual as vinhas são conduzidas horizontalmente. O século XX trouxe a introdução do sistema de condução em espaldeira, que, no entanto, só pode ser utilizado em terrenos com declives menos acentuados.

Castas: Vinhos monocasta que definem o nível de doçura
O vinho da Madeira é tradicionalmente um monovarietal.
A casta tinta Negra Mole representa 90% da produção, sendo destinada aos Madeiras de entrada de gama.
Os vinhos da Madeira de qualidade elevada utilizam castas brancas, em geral destinados ao envelhecimento em canteiro, e a cada casta corresponde um nível de doçura.
Sercial: Seco
Também conhecida por Esgana-cão no continente, casta extremamente ácida, produzida essencialmente no Norte da Ilha (mais frio) ou em Câmara de Lobos, na costa Sul, em altitudes que podem atingir os 600 metros.
Verdelho: Meio seco
Cultivada a 400 metros, dá vinhos menos ácidos e mais encorpados que os feitos com Sercial.
Boal ( ou Bual): Meio doce
Produzida em altitudes que variam entre os 100 e 300 metros.
Malvasia: Doce
Primeira casta a ser introduzida na Madeira por ordem do Infante D-Henrique e proveniente de Creta. Plantada entre os 150 e 200 metros de altitude, dá cachos grandes, e produz um nível alto de doçura e untuosidade.

Existe ainda a casta Terrantez, menos conhecida, que produz vinhos com um nível de doçura entre o Verdelho e o Boal.

Vinificação: fortificação e envelhecimento sob calor

O processo de fortificação consiste na paragem da fermentação com a adição de álcool vínico a 96% vol. A escolha do momento da interrupção da fermentação faz-se de acordo com o grau de doçura pretendido para o vinho, podendo-se, com este procedimento, obter quatro tipos de vinho: o seco, o meio-seco, o meio-doce e o doce.
De seguida, o vinho é submetido a um envelhecimento sob temperaturas elevadas, com 2 processos possíveis: Estufagem ou Canteiro.

Estufagem
Utilizado para 90% dos vinhos, no geral vinhos correntes. O vinho é colocado em estufas de aço inox, aquecidas por um sistema de serpentina, por onde circula água quente, por um período nunca inferior a 3 meses, a uma temperatura entre os 45 e 50 graus Celsius. Concluída a «estufagem», o vinho é sujeito a um período de «estágio» de pelo menos 90 dias à temperatura ambiente.

Canteiro
Os vinhos seleccionados para estágio em «Canteiro» (esta denominação provém do facto de se colocar as pipas sob suportes de traves de madeira, denominadas de canteiros) são envelhecidos em cascos, normalmente nos pisos mais elevados dos armazéns onde as temperaturas são mais elevadas, pelo período mínimo de 2 anos. Trata-se de um envelhecimento oxidativo em casco, desenvolvendo os vinhos, características únicas de aromas intensos e complexos.

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