Vinho ao Vivo 2018, Festival Europeu do Terroir, 13 e 14 de Julho
Entrevistas realizadas por Nadir Bensmail d’Os Goliardos
1.Bairrada, Minho, Figueira da Foz, Merceana, Montejunto. Faltam Colares, Setúbal, Costa Vicentina para colonizares o litoral, és o novo Hanibal Lecter do vinho? Diz o rifão que a rã que coaxa no fundo de um poço ficará assustada com a voz ensurdecedora da rã gigante que lhe responde…Nem sei o que vos responder…Procuro apenas por locais e pessoas. Dentro da equação mutável da vida, procuro um lugar atlântico e pessoas com quem possa viver. É um caminho de liberdade e de aprendizagem. Sabendo que as decisões (limitações) também são económicas. Bairrada e Minho são fragmentos da raiz familiar. A Figueira da Foz é o despertar da minha raiz humana. Concentro-me agora na Aldeia Galega da Merceana, com o Paulo Amaro, e em Montejunto, com o António Marques da Cruz. Preciso mais de pessoas que de locais. Essa é a minha raiz. Pode ainda nascer outro terroir, quem sabe…As raízes são porventura um mito conservador, inventado para nos manter parados no mesmo sitio.
2. Calcário, Argila, Granito : um solo equivale a um vinho? Um solo e uma planta, respeitados pelo homem, equivalem a um vinho. Mas o importante é a planta sentir-se bem onde vive, sentir-se bem nesse solo, sentir-se bem com a presença do homem. Sem preconceitos, porque os bons vinhos são aqueles que genuinamente refletem o seu terroir. Eu vivo em Portugal. Mas podia ser feliz noutro terroir, com os pés no calcário, na argila ou no granito.
3. Vinificar naturalmente é vinificar nu? Vinificar naturalmente é dar vida ao vinho. É garantir que o vinho nasce fresco, que o vinho vai vivo para a garrafa, que o vinho vive na garrafa. Procuro vinhos vivos e livres, que se transformam com o tempo, que cruzam de forma natural a alma e o corpo.