Entrevista a João Roseira, Quinta do Infantado (Douro)

Vinho ao Vivo 2018, Festival Europeu do Terroir, 13 e 14 de Julho

Entrevistas realizadas por Nadir Bensmail d’Os Goliardos

Quinta do Infantado (Douro) João Roseira

1. Vinho do Porto : os progressos potenciais poderiam vir mais do trabalho na vinha ou de evoluções em vinificação (estilo ainda mais seco conforme a linha aberta pela quinta do Infantado) e envelhecimento? (pensando na actual renovação do Jerez).    Na Quinta do Infantado acreditamos em tudo. Nas pessoas e tradições, na vinha e nos terroirs, na adega e tradições. Tudo é importante, em todos os vinhos e em todos os Vinhos do Porto. Para além disso, desculpem-nos, nós gostamos dos nossos Portos em todos os estilos : White, Ruby e Tawny. Com a possível exceção da fortificação (isto é trabalhar principalmente no equilíbrio álcool/açúcar) não pensamos em grandes inovações. Há bastantes anos, por querermos fazer Vinhos do Porto equilibrados, mais leves, mais “para a mesa”, que procuramos perceber e melhorar o processo. A partir da próxima vindima será possível fazer Vinho do Porto com menos um grau, 18º em vez de 19º, o que é positivo. Com menos álcool pensamos poder reduzir também o açúcar residual. Enfim, sem grandes progressos, mas progredindo sempre.

2. A vossa vinha amanhada em agricultura biológica costuma dar uvas com menos açucar : efeito terroir específico desta vinha ou efeito modo de viticultura?   Nós cultivamos três vinhas em modo de agricultura biológica. Apenas numa delas, Pousado, temos, normalmente, menos açúcar. Trata-se de uma vinha virada a Norte, com muito mais solo e menos xisto, a ribeira de Covas do Douro corre pelo meio… Tudo isto leva a menos açúcar. Não é por ser bio, e costuma ser a última vinha que vindimamos. É mesmo do terroir.

3. Costumávamos apresentar-te como o produtor mais Rock&Roll de Portugal em 2010, o que ouves como musica hoje? Os teus filhos te levaram ao ElectroPop?   Sim, a música sempre foi importante para mim. “Inventei” uma banda que era suposto terminar no final do primeiro concerto, uma espécie de “The Last Waltz” ao contrário. Afinal, apenas foi mudando de nome: Ferro Português, EletroPope e, finalmente, Thi Versões. Um pouco como com o mundo do vinho, a música está demasiado “controlada”. 90 e tal % do que nos dão a ouvir (na rádio e na tv, na cassete pirata, no restaurante ou no elevador) é anglo-saxofónica. Como contra-ponto, quando sou eu a escolher, nada disto. Brasil, Brasil, Brasil, Portugal, France, Italia, África e toda a América a sul dos USA são as preferências. Por exemplo, das 20 horas de música que seleciono para os dois dias do simplesmente… Vinho, não há artistas pop/rock ingleses ou americanos. Fora, claro, uma homenagem ao David Bowie e ao Prince…

Pode-se ser, tipo, Samba & Roll? Ou, tipo, pode ser #nósémaisVeloso?

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